A ALEGRIA DA SALVAÇÃO NA PERSEGUIÇÃO

1 Pedro 1:1-9

INTRODUÇÃO

O livro de 1 Pedro é uma carta escrita pelo apóstolo Pedro (1:1). Antes de ser apóstolo, tinha a ocupação de ser pescador, sendo que depois tornou-se um discípulo, uma “testemunha das aflições de Cristo” (5:1). Pensasse que escreve esta carta de Roma (5:13; “Babilónia” pode-se referir a Roma) por volta do ano 62-63 DC durante o reinado de Nero. A carta é dirigida aos cristão espalhados pelo “Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1:1). Esta é a área situação a norte dos Montes Tauro na Ásia menor (hoje a Turquia). Este território tinha sido impactados pela cultura Greco-Romana e estava sobre o controlo Romano desde o meio século AC.

TEMA

Aqueles que perseveram na fé enquanto sofrem perseguição devem estar cheios de esperança. Certamente desfrutarão da salvação no fim dos tempos, uma vez que já desfrutam das promessas salvadoras de Deus através da morte e ressurreição de Cristo.

PROPÓSITO

Pedro está a escrever para encorajar seus leitores a suportar o sofrimento e a perseguição (1:6–7; 2:18–20; 3:9, 13–17; 4:1–4, 12–19; 5:9), entregando-se inteiramente a Deus (4:19). Devem permanecer fiéis em tempos de angústia, sabendo que Deus os defenderá e que certamente desfrutarão da salvação que o Senhor prometeu. A morte e ressurreição de Cristo são o modelo para os crentes. Assim como Cristo sofreu e depois entrou na glória, também os seus seguidores sofrerão antes de serem exaltados.

I. A SAUDAÇÃO DE PEDRO (1:1-2)

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” (1:1a): Pedro abre a Epistola começando por expor a sua autoridade. Não começou com a humildade de “servo de Jesus Cristo” (como Paulo abriu a carta de Romanos; 1:1), mas antes com o nome poderoso e digno que Jesus Cristo lhe deu (João 20:21; Ele o enviou, lhe deu autoridade): “apóstolo de Jesus Cristo”. Ou seja, ele ministrava a favor de Cristo.

“…aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia; Ásia e Bitínia” (1:1b+c): contrariamente a várias epístola de Paulo, as quais eram dirigidas a um igreja em específico (Gálatas, Efésios, etc…), antes Pedro dirige-se a um grupo de crentes do primeiro século.

  • “aos estrangeiros dispersos” (1:1b): estes estrangeiros são judeus ou gentios cristãos, sendo eles estrangeiros porque são residentes temporários (“forçados”) no meio de estrangeiros.
  • Ponto, Galácia, Capadócia; Ásia e Bitínia” (1:c): as cinco províncias da Turquia, que na altura estavam sobre domínio romano.

Nós hoje, se estamos verdadeiramente em Cristo, estando ou não a viver na nossa terra natal, seremos sempre “estrangeiros”, “porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura” (Hebreus 13:14).

“Eleitos segundo a presciência de Deus Pai” (1:2a): descreve aqueles crentes e o seu relacionamento com o Pai, o Espírito e Jesus Cristo, respetivamente.

  • “Eleitos”: são aqueles que são chamados dos mundo, estando eles em pecado e iniquidade. Aqui os “eleitos”, através da Palavra, do Espírito e providência de Deus, obedeceram à chamada (sendo que qualquer pessoa que é chamada, cabe a ele responder ou não), virando-se para o verdadeiro arrependimento, vivendo na fé e obediência (o termo de “eleito“ é mencionado em Romanos 8 e Efésios 1:4-5, por Paulo).
    • A “eleição”, palavra bíblica, não significa que Deus arbitrariamente decidiu, antes sequer da pessoa existir, escolher, eleger uns e não outros para a salvação. Eleição, de acordo com Efésios 1:4-5, é para os crentes “serem santos e irrepreensíveis diante” de Deus. Não é “eleitos para serem salvos”.
    • A “predestinação”, tal como a “eleição” é “em Cristo”, ou seja, Deus decidiu, “predestinou”, “segundo a Sua vontade”, que toda a pessoa que crer em Jesus, quer dizer, que “estiver em Cristo” seja salva, seja “filho de Deus por adopção”. A pessoa, o pecador, ao ouvir o Evangelho tem a livre escolha de crer, de aceitar, ou não. Lendo com cuidado Ef.1:4-5 compreenderemos isto.
  • “…segundo a presciência de Deus Pai”: Deus sabe todas as coisas, sendo aqui que já desde a eternidade sabia quem se viraria para Ele em arrependimento e fé, como também aqueles que o iriam rejeitar.

“…em santificação do Espírito” (1:2b): uma transformação necessária a cada um, que somente quando é aplicada, é que o crente pertence a Deus. Podemos basear-nos em duas passagens para perceber bem o papel do Espírito Santo:

  • João 16:13: “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade” - a ênfase está em guiar, promovendo o crescimento espiritual e santificação.
  • Hebreus 3:7-8: “Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações” - a santificação só ocorre se o ouvir-mos, obedecendo-a.

“…para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo” (1:2c): o nosso propósito é de obedecer. Esta “aspersão” faz uma alusão ao sacrifícios do VT, mas aqui refere-se a uma marca muito importante do crente, a marca do sangue do Cordeiro na nossa vida. Uma marca que deve ser partilhada com aquele que ainda não a tem.

“Graça e paz vos sejam multiplicadas” (1:2d): Pedro finaliza aqui a sua saudação, expressando o desejo de que a graça de Deus seja multiplicada em cada crente.

II. A SALVAÇÃO DO CRENTE (1:3-5)

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (1:3a): ações de graças a Deus

  • “que, segundo a sua grande misericórdia” (1:3b): a sua compaixão por nós, os pecadores; a seu amor que nos é imerecido.
  • “nos gerou de novo para uma viva esperança” (1:3c): é uma consequência do arrependimento; justificação pela fé; um novo nascimento, passando da morte para a vida, porque todo o ser humano nasce espiritualmente morto, devido ao pecado. Dai a pergunta muito importante (João 3:3): Já nasceste de novo?
  • “pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1:3d): o crente só consegue hoje nascer de novo, por causa do sacrifício oferecido por Jesus na cruz, o qual preparou o caminho para nós receberemos os Espírito, o auxiliador da “santificação”.

“Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode murchar, guardada nos céus para vós” (1:4):

  1. “incorruptível”: ao contrário de qualquer herança/posse terrena, a herança divina é imperecível e não sujeita a degradação;
  2. “incontaminável”: pura, sem possibilidade de ser tocada pelo mal;
  3. “não se pode murchar”: ao contrário das coisas deste mundo, decadentes, a herança divina vai ser eternamente gloriosa;

“Que mediante a fé estais guardados no poder de Deus para a salvação” (1:5a): o crente está rodeado de perigos, por isso é que somos “guardados no poder Deus”, o qual nos vais guardar. Não no podemos defender sozinhos mas somente “mediante a fé” é que o poder de Deus vai agir sobre nós, “para a (nossa) salvação”.

já prestes para se revelar no último tempo” (1:5b). refere-se à segunda vinda de Cristo que está para breve

III. A ALEGRIA DO CRENTE (1:6-9)

3.1 Alegria, não obstante as provações (1:6).

Um crente sente verdadeira alegria no Senhor, não obstante as circunstâncias. Vejamos:

“Em que vós grandemente vos alegrais” (1:6a): relativamente à segunda vinda de Cristo. É nisso em que o crente se deve jubilar. Não somente nisso, mas também em todas as coisas descritas de 1:3-5. Mas então em nenhum momento podemos estar tristes?

“…ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações” (1:6b): o Senhor conhece os nossos desafios e provações, e no caso destes estrangeiros a que Pedro se refere, Ele conhecia as perseguições por consequência da fé. Mas o que o Senhor nos pede, é que mesmo no meio das dificuldades, consigamos ver as bênçãos do Senhor, começando pelo no nossos nascimento como filhos de Deus.

3.2. Alegria, quando a fé é provada (1:7)

“Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo” (1:7a): quando o ouro é colocado à prova do fogo, ou seja, quando é refinado, quanto mais o calor e aumentado, mais puro ele fica. Da mesma forma, a fé genuína do crente que é provada no “fogo” das dificuldades, é muito mais preciosa do que o ouro purificado.

“se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” (1:7b): devemo-nos alegrar na fé provada que se mostrou inabalável, a qual confiou no Senhor. Por isso, louvemos ao Senhor pelas provações.

3.3. Alegria, por um ótimo desenlace (1:8-9)

“Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo indescritível e glorioso” (1:8): ao olhos do próprio Jesus somos bem-aventurados (João 20:29; “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram). É nisto que a nossa fé é: ”ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem.” (Hebreus 11:1)

Por isso, o crente deve voltar o seu olhar para a segunda vinda de Cristo, quando o verão, face a face. Até lá, o crente deve esperar sofrendo provações, que vão refinar a sua fé até ao triunfo na glória.

CONLUSÃO

Pedro inicia a sua epístola, lembrando o crente o que Deus já fez por eles. Pela a nova vida que Jesus Cristo nos deu quando venceu a morte. Mas lembra também que, até à segunda vinda de Cristo, vamos ser provados, a nossa fé será testada, mas em tudo devemos dar gloria ao Senhor. Ele vai sempre nos guardar.

2023-10-01