OLHOS NA META
1 Pedro 4:7-11
INTRODUÇÃO
Sabemos que está pendente o grande dia do regresso de Jesus Cristo, seguido do julgamento final de Deus sobre a Humanidade. Quando será essa dia somente O Senhor sabe, sendo que nem Jesus Cristo (enquanto esteve incarnado entre nós disse não o saber. é um mistério, mas que se pode entender nas limitações de jesus ao ter assumido a natureza humana) sabe quando será (Marcos 13:32; Mateus 24:36). Esta incógnita deve colocar o crente atento e sempre preparado, observando a Palavra e aplicando-a, estando assim a colocar os “olhos na meta”.
I. PREPARADOS PARA O FIM (4:7-9)
Lembremo-nos que esta carta de Pedro é dirigida aos crentes dispersos pela Ásia Menor e que, através da palavras de Pedro, conseguimos entender que os crentes sofriam dificuldades e perseguições por causa da sua crença. Podemos então imaginar o desejo que eles tinha no regresso do Salvador (como em Apocalipse 22:20). Esta esperança e desejo é essencial a qualquer crente, tendo o apóstolo a mesma a opinião.
1.1 A mente preparada para a oração (4:7)
“E já está próximo o fim de todas as coisas;" (4:7a): anteriormente, em 4:5-6 Pedro fala sobre o futuro julgamento e aqui prossegue a declarar o facto de este estar para breve. Podemos imaginar que se Pedro soubesse que se passariam mais de 20 séculos sem que este acontecimento tomasse lugar, se calhar teria usado palavras diferentes. A verdade é que Pedro não sabia quando seria esse dia, mas somente Deus o sabe (Mateus 24:36). Por isso, devemos, como Pedro, olhar para o grande dia como “próximo” a fim de estarmos sempre preparados, especialmente espiritualmente. Vejamos porquê:
”…portanto sede sóbrios e vigiai em oração.” (4:7b): porque é que Pedro apele a que sejamos sóbrios? Será que se encontrava preocupado com os possíveis excessos alcoólicos dos crentes? De uma certa forma sim, mas o apóstolo apelA mais a que os crentes sejam “sóbrios” quanto aos seu desejos, quanto à sua carne. Apela a que estejam atentos quanto ao nosso coração, de quão estamos distraídos com as coisas do mundo. Um guarda, quando no seu posto, tem de estar atento com todos os seus sentidos e para isso deve estar sóbrio. Se não estiver sóbrio, todos os seus sentidos vão estar afetados e algo de mal pode vir sobre ele ou sobre o fim pelo qual estava responsável. O mesmo se aplica ao crente e quanto à necessidade de estar sóbrio, sabendo que a chegada de Cristo é iminente (ver I Tessalonicenses 5:6-9).
Porque é que Pedro diz “vigiai em oração”? A oração é um momento de comunhão com Deus é um ato sério, onde vamos em busca de ajuda e sabedoria. Esta oração não deve ser apressada ou tomada com leveza. Isto porque estamos a falar sobre o regresso de Cristo, sendo este um dos acontecimentos mais importantes da nossa vida. “Vigiai” a fim de não sermos apanhados de surpresa, a fim de estarmos preparados para o regresso de Cristo. Algo de notar é também que aquele que deixa consumir o seu tempo, observando gráficos de profecias e acontecimentos políticos a fim de descobrir a altura do regresso de Cristo, não está diligentemente a vigiar em oração, pois o seu tempo e coração estão a ser colocados no sítio errado.
1.2 Amor fervoroso uns pelos outros (4:8)
Face ao fim de todas as coisas, outra atitude que o crente deve ter em conta é o “ardente amor” entre os irmãos:
“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros;” (4:8a)
Este é um amor sincero, constante, intenso, incondicional. Vendo a situação daqueles crentes, eles necessitavam deste amor face aos tempos complicados que atravessavam. Este amor acaba por ser essencial também para combater possíveis dissensões entre os irmãos (no final, devemos pensar que iremos estar todos juntos na eternidade, por isso, procuremos começar a dar-nos bem agora).
O poder desse amor está na continuação do versículo: “…porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (4:8b). O verbo “cobrir” significa esconder, ocultar. Porém a passagem não sugere que o pecado deva ser ocultado, ou noutras palavras, ignorado. Aponta antes para um excelente ato de amor que é o perdão. Podemos comparar as palavras de Pedro com:
“O ódio excita contendas, mas o amor cobre todos os pecados.” (Provérbios 10:12)
“Aquele que encobre a transgressão busca a amizade, mas o que revolve o assunto separa os maiores amigos.” (Provérbios 17:9)
O que podemos retirar destas passagens é que em lugar de guardar rancor e vingança, somos antes chamados a perdoar. Jesus falou sobre a importância do perdão em Mateus 6:14-15. Há lugar para a pessoa ficar zangada e triste com algum ato sofrido, mas o problema está quando entramos em pecado, quando guardamos rancor e em atos de ofensas contra o nosso próximo (Efésios 4:26). Por isso é que amor cobrirá os pecados daquele que está a ser amado (perdoado) e reciprocamente cobrirá os pecados daquele que está a amar.
1.3 Mostrar hospitalidade uns aos outros (4:9)
Outro ato de amor é a “hospitalidade”. O ato de ser hospitaleiro é um modo generoso e afável de receber ou tratar alguém. Com isto sabemos que praticar este ato, sem esperar nada em retorno, é um ato de amor. Vejamos a palavras de Pedro:
“Sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurações”
Como temos vindo a ver, os remetentes desta carta de Pedro estavam dispersos pela Ásia Menor. Naquela época, (ao contrário dos nossos dias no mundo ocidental com ampla rede hoteleira, não era tão fácil conseguir alojamento fora de casa) a sociedade não estava tão desenvolvida como hoje em dia, ou seja, não havia a facilidade de arranjar acolhimento, dai o apelo de Pedro: “Sendo hospitaleiros uns para com os outros” (4:9a).
Além disso, ainda deu uma indicação de como esse ato deve ser feito: “…sem murmurações”. Porquê? Porque, se as houver, deixa de ser um ato de amor, um ato que honraria ao Senhor. Apesar de o ato de ser hospitaleiro ter um custo, temos de ter noção que qualquer bem que seja nosso, é proveniente do Senhor, um dádiva Sua (Salmos 24 fala sobre o facto do Senhor ser dono de todo o mundo), sendo nós os mordomos escolhidos por Ele. Por isso, servir (ser hospitaleiro, ajudar) com aquilo que possuímos, é um ato de amor, um ato que agrada e honra o Senhor.
II. COMO SERVIR ATÉ AO FIM (4:10-11)
Outro tipo de mordomia a que fomos responsabilizados é a dos nossos dons espirituais, os quais são essenciais no serviço ao Senhor.
2.1 Bons mordomos dos dons espirituais (4:10)
“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons mordomos da multiforme graça de Deus”
O apóstolo recorda que todos os crentes recebem dons. Conseguimos observar isto em várias passagens ao longo do Novo Testamento:
- Romanos 12:6-9: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada…”
- I Coríntios 12:7-10: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil…”
- Efésios 4:11: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”
De que forma é que o crente deve usar esses dons? “…como bons mordomos da multiforme graça de Deus”. Um mordomo é um administrador de uma casa ou estabelecimento. Neste caso, aplica-se a administrar os nossos dons. O que significa ser bom mordomo dos nossos dons? Significa que os estão a usar para o bem da Igreja, para servir, para atos de caridade. Usando-os em diversos atos que honram o nome do Senhor. O que significa ser mau mordomo dos nossos dons? Significaria que estaríamos a ignorar os dons que Deus nos deu, não os usando ou aprimorando (Lucas 19:11-27). Ou que os estaríamos a usar para fins exibicionistas, orgulhosos. No final, a forma com que os administramos deve ser sempre para a honra do Senhor, porque naquele dia iremos dar contas da forma como os usamos (Romanos 14:12).
2.2 Diferentes dons (4:11)
Anteriormente, mencionamos várias passagens que se debruçam detalhadamente nos vários dons espirituais. Aqui Pedro acaba por falar só em dois, mas não de uma forma tão profunda como Paulo já tinha feito.
2.2.1 Falar (4:11a)
“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus;”
Aqui refere-se àqueles que falam na igreja (pregam), em eventos, em reuniões. Estes devem-no fazer de acordo com as Escrituras e todas as sua diretrizes com rigor. A sua postura deve ser reverente, com temor, sabendo que está a representar o nome do Senhor. O seu falar deve ser com ousadia, tal como Pedro falou ao sinédrio e Paulo às autoridades romanas.
2.2.2 Administrar (4:11b)
De forma a entendermos melhor o modo como devemos administrar, podemos ver como não o devemos fazer: cada um administre segundo o seu próprio poder.
“…se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá;”
O que devemos entender, é que em tudo, seja no falar, administrar, exortar, tudo deve ser feito segundo poder que Deus nos dá. Por isso, o que crente deve procurar a sua capacidade e força no Senhor, orando e estudando a sua Palavra. Ele concedeu-nos o dom, mas também nos vai ajudar a usá-lo de forma sábia, mas cabe a nós aceitar a sua ajuda, sabendo que no final vamos dar contas de tudo o que fizemos.
CONCLUSÃO
Por fim, tudo o que fazemos, deve ser feito:
“…para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.” (1 Pedro 4:11c).
2023-12-03